Venda de antidepressivos e estabilizadores de humor cresce 58% no Brasil
Jackson Maier, Neuropsicanalista e Psicoterapeuta
Ainda segundo a pesquisa, mais da metade dos brasileiros apontam que sua saúde emocional piorou com a pandemia: 53% relataram sentir ansiedade, 42% alteração de humor, e 41% insônia
FONTES: Panorama Farmacêutico, Jornal da USP, CNN, G1, Jornal Contábil.
Já se vão quase dois anos com isolamento social, medidas restritivas que nos impedem de ver amigos e familiares, home office obrigatório e o medo constante de ser acometido ou de ver pessoas queridas sofrerem com o coronavírus.
Antes da pandemia, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, OPAS, 9,3% dos brasileiros sofriam com ansiedade antes da Covid-19, e 5,8% das pessoas sofriam com depressão. Mas em novembro do ano passado, um novo levantamento da OPAS mostrou o quanto atravessar a pandemia foi algo devastador: 40% dos brasileiros tiveram problemas de ansiedade durante o período.
A venda de antidepressivos e estabilizadores de humor cresce a cada ano no Brasil. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a venda desses medicamentos cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021.
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A população brasileira recorre de forma progressiva aos fármacos em situações relacionadas à saúde mental. De acordo com um levantamento divulgado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países mais depressivos e ansiosos do mundo. Cerca de 5,8% da população sofre com a depressão e 9,3% possui problemas com ansiedade. Esses dados podem explicar o “sucesso” de ansiolíticos, antidepressivos e sedativos nos últimos anos, utilizados em sua grande maioria sem um acompanhamento médico e Psicoterapêutico.
“Esses medicamentos, de uma forma geral, alteram o que nós chamamos de mediadores químicos, que são substâncias produzidas pelo organismo, responsáveis pelos estágios de humor como, por exemplo, a dopamina e a serotonina”, explica Wellington Barros da Silva, professor da área de Epidemiologia da Universidade Federal de Sergipe e consultor do CFF.
Por agirem diretamente no sistema nervoso, os antidepressivos e ansiolíticos devem ser utilizados com cuidado e o acompanhamento médico é fundamental para entender e controlar os efeitos desses fármacos.
A pandemia ocasionada pelo vírus da covid-19 também foi um fator considerável para o aumento da comercialização desses medicamentos. De 2019 para 2020, o crescimento foi de 17% e, de 2020 para 2021, foi de 12%. O período de isolamento social e a incerteza sobre o coronavírus deixaram marcas na sociedade.
“É um indício de que a pandemia de fato afetou a saúde mental das pessoas, provavelmente em função de algumas questões, como o confinamento a que nós fomos obrigados a ficar e a própria situação de ansiedade que é provocada por uma doença da qual não se tinha conhecimento nem nada”, indica Silva.
Um fato que mostra como a pandemia impactou a saúde mental das pessoas está, por exemplo, na nova doença ocupacional categorizada pela OMS, o Burnout. A síndrome do esgotamento profissional subiu de categoria em 1º de janeiro de 2022. Doença ocupacional é, basicamente, aquela adquirida através da atividade profissional. A mudança de categoria força que gestores redobrem seus cuidados com saúde mental, pois por ser uma doença, ela ganha força para motivar um pedido de indenização, por exemplo.
O isolamento social proporcionou diversas mudanças na rotina das pessoas. Uma das relações mais afetadas foi entre o trabalho e a vida pessoal, modificada, principalmente, com a utilização do home office como novo modelo de trabalho. Viver imerso em uma rotina, sem uma clara separação e com pouco contato humano, aumentou a quantidade de casos de ansiedade entre os colaboradores, prejudicando não somente a produtividade, como a vida pessoal dos mesmos, explica o Neuropsicanalista e Psicoterapeuta Jackson Maier
Uma pesquisa realizada pelo Empregos.com.br, um dos maiores portais de recrutamento e seleção do Brasil, apontou que, nos últimos dois anos, houve um aumento de 49,4% no interesse das empresas em implantar ações de saúde e bem-estar na rotina de seus colaboradores. Segundo a plataforma, um quarto das empresas afastaram de 1 a 5 funcionários por adoecimento mental nos últimos 12 meses. A ansiedade é apontada como o fator que mais impacta a força de trabalho (41%), seguida pelo estresse (31,9%), depressão ou síndrome do pânico (26,7%) e burnout (9,2%).
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O impacto das doenças mentais no mundo.
Quatro em cada dez brasileiros (41%) têm sofrido de ansiedade como consequência do surto do novo Coronavírus. As mulheres são as mais afetadas: enquanto 49% se declaram ansiosas, 33% dos homens estão lidando com o sintoma no momento. Os dados fazem parte do levantamento Tracking the Coronavirus, realizado semanalmente pela Ipsos com entrevistados de 16 países.
O índice de 41% ranqueia o Brasil na primeira posição entre as nações mais ansiosas. Em segundo lugar, está o México, com 35%. Com 32%, o terceiro posto vai para a Rússia. Por outro lado, Japão (6%), Alemanha (7%) e Coreia do Sul (15%) são os menos impactados pela ansiedade a nível global, segundo os ouvidos do estudo.
Um em cada dez entrevistados no Brasil (11%) admitiu estar lidando com sintomas de depressão como consequência do surto de Covid-19. As declarações divididas por gênero revelam um impacto predominantemente feminino: 14% são mulheres e 7% são homens.
Os que mais sofrem de depressão na pandemia são os sul-africanos, com 20%. Em segundo lugar, empatados em 19%, estão os americanos e os indianos. O terceiro posto fica para os russos, com 18%. Em contrapartida, chineses (4%), japoneses e franceses (ambos com 5%), e alemães (8%) são os menos deprimidos. 14% dos entrevistados disseram estar sofrendo de dores de cabeça crônicas como resultado da pandemia de coronavírus, sendo 18% mulheres e 9% homens.
As instabilidades sociais e econômicas tendem a prejudicar a saúde mental das pessoas. “Quando parte de um grupo vive em uma condição de vida abaixo da qualidade esperada, com dificuldades financeiras que a fazem priorizar gastos, ou até mesmo, com a falta do acesso a programas de saúde e educação, casos de ansiedade e depressão se tornam comuns pelo cenário negativo” complementa o Neuropsicanalista e Psicoterapeuta Jackson Maier.
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